Hoje foi preciso fazer uma pausa
nas análises da minha dissertação de mestrado para refletir sobre outro
problema da educação – como se tivéssemos poucos – que é a invasão da
profissionalidade. Isso mesmo, você não leu errado estamos passando por um momento
crítico em relação à invasão da profissionalidade docente.
Parte da culpa disso está no
advento das redes sociais, que fazem as pessoas crerem que podem opinar nos
mais obscuros e laboriosos assuntos como os especialistas, mesmo sem entendê –los.
Porém, a origem desse mal é na verdade a falta das noções ética e intelectual.
Muitos erros têm invadido as
salas de aula, porque muita gente acha que entende do assunto. Assim como o
Brasil está cheio de pessoas que se acham teólogos, só por que leram alguns
livros sobre teologia; cheio de médicos, só por que testaram o chá da vovó, por
que não cheio de professores também, já que, de certa forma, a maioria das
pessoas já estiveram alguns anos dentro de uma escola?
Pelo Brasil ter 44% de uma
população que não lê, é fácil esquecer da importância da formação profissional.
Quem realmente entende de ensino é o professor, não cabe outro argumento. É o
professor que passou anos numa universidade se graduando naquela área, depois
disso se especializou nela por meio de mais cursos, livros, foi aprovado em
concurso público etc. Não são os leigos que devem ser ouvidos nesse assunto e,
quando digo leigo, refiro-me também aos que se consideram profissionais da
educação, mas se assentam nas cadeiras acolchoadas de salas silenciosas. Da
mesma forma que um professor, por exemplo, de Literaturas, embora em alguns
momentos tenha aulas muito históricas, não tem a mínima condição de avaliar os
métodos usados pelo professor de História, por não ter formação nesta micro área,
destarte aqueles que sequer entendem dela e estão longe da realidade de uma
sala de aula do século XXI.
É por isso que, também, não
analisamos bem as escolhas que fazemos de nossas próprias autoridades, que
entre seus infinitos erros decidem, por exemplo, que para ocupar o cargo de professor,
basta um notório saber. Essa é automedicação do ensino! No entanto, se
conhecimento é poder, é claro que aqueles que tiram vantagens pessoais do exercício
do poder, jamais vão trabalhar a favor da educação e permitir que a população
acesse o conhecimento. Vão fazer diferente: colocar no mesmo pé de igualdade a
voz do professor e daqueles que só tomaram o chá da vovó. Salve o terceiro
mundo!